NOTÍCIA
GRANDE EXPEDIENTE
Eva Valéria fala sobre mudanças climáticas e tragédia no RS

O espaço do Grande
Expediente da Sessão Plenária desta segunda-feira (13) foi ocupado pela
vereadora Eva Valéria Lorenzato (PT), que falou sobre as mudanças climáticas,
especialmente, em referência a tragédia que acomete o Rio Grande do Sul. “Temos
acompanhado a tragédia que assola o Estado, a maioria dos municípios alagados,
milhões de pessoas desabrigadas, muito mortos, estradas interrompidas, pontes
destruídas, enfim, a devastação é imensa”, salienta Eva Valéria, afirmando que
por esta razão decidiu falar sobre o tema, para chamar a atenção, alertar a
população e tentar, de alguma forma, sensibilizar os gestores sobre as mudanças
climáticas, “um tema que não é para o futuro, mas que está relacionado a tudo o
que estamos vivendo neste momento”.
Valéria salientou que as mudanças nos últimos séculos têm sido aceleradas pela atividade humana, principalmente pela emissão de gases de efeito estufa provenientes da queima de combustíveis fósseis, desmatamento e outras atividades industriais. Destacou que as consequências de tudo isso incluem: o aquecimento global, o derretimento de geleiras e calotas polares, a elevação do nível do mar, mudanças nos padrões de precipitação, eventos climáticos extremos mais frequentes e intensos (como furacões, inundações e secas), e impactos significativos sobre a biodiversidade e os ecossistemas. Valéria ainda afirmou que as mudanças climáticas também têm efeito direto e indireto sobre a saúde humana, segurança alimentar, disponibilidade de água potável, economia e outros aspectos da sociedade e, por isso, “é urgente a redução das emissões de gases de efeito estufa e a adoção de práticas sustentáveis em todos os setores, enquanto a adaptação a essas mudanças requer planejamento e ações para lidar com os efeitos já presentes ou previstos”.
Sobre a situação do Rio Grande do Sul, Valéria entende que não foi surpresa, uma vez que, segundo ela, há pelo menos 10 anos, um relatório encomendado pela Presidência da República já apontava chuvas acentuadas no Sul do Brasil em decorrência das mudanças climáticas. O documento também chamava atenção para a necessidade de sistemas de alerta e de planos de contingência. “O relatório Brasil 2040: cenários e alternativas de adaptação à mudança do clima, encomendado pela gestão de Dilma Rousseff, apresentou resultados dramáticos, como a elevação do nível do mar, mortes por onda de calor, colapso de hidrelétricas, falta d’água no Sudeste, piora das secas no Nordeste e o aumento das chuvas no Sul. O objetivo do documento era propor medidas para a chamada adaptação climática, ou seja, minimizar os impactos negativos das mudanças inevitáveis, porém, o estudo foi engavetado após o golpe de 2016 e não foi mais retomado”, recorda.
A vereadora Eva Valéria também falou sobre a realidade em Passo Fundo. “Em setembro de 2023, as famílias que residem nas ocupações e nas áreas de risco foram as mais afetadas. Na ocupação Floresta, no Parque Farroupilha, dezenas de casas ficaram com parte submersa. Na Pinheirinho Toledo, muitas ruas ficaram intransitáveis e o mesmo aconteceu nas ocupações Bela Vista, Vista Alegre, Valinhos, Zachia. Centenas de famílias tiveram danos em suas residências e perderam móveis e eletrodomésticos, fazendo com que a situação de vulnerabilidade ficasse ainda pior”, relatou, citando ainda as famílias que residiam no beco da Manuel Portela, que precisaram deixar suas casas por risco de desabamento e até agora estão abrigados em casas de parentes e amigos.
Para a vereadora, com esse avanço contínuo do aquecimento global gerado pela ação humana, as cidades precisam ser planejadas e preparadas para lidar com eventos climáticos extremos. “A reconstrução do nosso estado e de cada cidade atingida pelas enchentes precisa ser feita com o objetivo de tornar o Rio Grande do Sul uma referência global em adaptação às mudanças climáticas, semelhante a como o Japão é em relação aos terremotos. É urgente pensarmos a adaptação às mudanças climáticas e lutar por investimentos suficientes para tanto, pensar em uma cidade com planejamento, inclusiva, que atenda aos interesses populares e eficiente e uma agricultura camponesa de base familiar, agroecológica, adaptada às condições do clima, do bioma e com subsídios estatais. Isso se faz com planejamento urbano e políticas eficientes de moradia que possibilitem ao povo ocupar espaços que não estejam sujeitos às consequências de eventos climáticos extremos, e por outro lado, pensar uma produção agrícola que crie condições de se produzir na adversidade do clima”, apelou.
Eva Valéria também aproveitou o espaço para enaltecer os gestos de solidariedade dos passo-fundenses que estão atuando como voluntários, dos grupos que estão mobilizados na arrecadação de donativos em diversos pontos da cidade e dos mutirões de limpeza que estão atuando nas cidades atingidas, dentre outros projetos e ações que estão sendo realizadas para auxiliar nessa situação de calamidade em que o Estado se encontra. “Todas as iniciativas são louváveis e merecem todo o nosso reconhecimento e mais sincera gratidão”, finalizou.
Foto: Comunicação Digital/CMPF