NOTÍCIA
HISTÓRIA
Júlio Rosa foi vereador com amplo respaldo da população

A
série “Revivendo Passo Fundo” desta semana resgata a trajetória de um dos
parlamentares de maior popularidade e reconhecimento tanto da população quanto
no Parlamento. Júlio Rosa da Silva foi vereador por três mandatos consecutivos
no município, além de possuir um currículo como radialista, locutor e policial,
sendo lembrado como um dos grandes comunicadores de Passo Fundo. Ele também foi
agraciado com o título de Vereador Emérito do município.
Júlio Rosa da Silva nasceu em Porto Alegre (RS) no dia 31 de agosto de 1944, fazendo seus primeiros estudos na capital gaúcha, mais precisamente na Escola Dom João Becker. Na juventude, mudou-se para Santa Maria onde cursou a faculdade de Pedagogia. Tempos depois, foi morar em Cruz Alta, onde fez três semestres de Direito.
Segundo registros, Júlio fez uma espécie de peregrinação pelo Rio Grande do Sul, não apenas para estudar, mas também para trabalho. Após realizar cursos de Comunicação Social, ele passou a atuar como radialista em diversos veículos nas cidades de Porto Alegre, Novo Hamburgo e Caxias do Sul. Nesta última, ele entrou para a Polícia Civil em 1961, após participar do curso de polícia, em que após sua conclusão, foi nomeado escrivão. Neste estágio de sua carreira, Júlio começou a fazer boletins ao vivo da Delegacia de Polícia para a rádio São Francisco. Ele obteve destaque e acabou indo trabalhar na rádio Difusora, de Caxias do Sul, onde teve seu próprio programa chamado “Acontecimentos Policiais”.
Tempos depois, em 1966, Júlio foi transferido para São Borja e levou seu programa para a rádio Fronteira. Dois anos depois, ele se licenciou da Polícia Civil e passou a atuar como comunicador em tempo integral, obtendo destaque também na área esportiva. Nesta cidade das Missões, Júlio também teve iniciação no jornalismo impresso como correspondente na área policial pelo jornal Zero Hora, com textos que adotavam uma linha sensacionalista.
Tempos depois, Júlio Rosa se estabelece em Passo Fundo indo trabalhar na rádio Planalto. Tempos antes disso, havia cursado oito semestres de Direito na Universidade de Passo Fundo (UPF), mas sem concluir o curso. Rapidamente, Júlio ganhou notoriedade nesta rádio, sendo considerado muito popular, pois haviam muitas pessoas que iam à sede do veículo para lhe pedir alguma coisa. Na sequência, ele foi trabalhar como cronista no jornal O Nacional, onde ratificou sua popularidade, além de atuar na extinta rádio Municipal.
Sua carreira como comunicador teve um grande marco quando foi convidado para integrar a equipe da então recém instalada rádio Uirapuru AM, no início da década de 1980. O convite foi feito pelo então diretor Luís Fragomeni, e pelo já conhecido comunicador da cidade, Altair Carlos Colussi, que foi o responsável por indicar e recrutar a equipe de comunicadores da rádio. A combinação do estilo de seu programa com a proposta do veículo em manter programação 24 horas por dia no ar resultou em um sucesso instantâneo, especialmente nas camadas mais humildes. A partir deste período, Júlio emplacou aquilo que ficou lembrado como seu principal slogan: “ Você diz que não gosta, mas gosta; você diz que não escuta, mas escuta”. Seu programa chamado “o Repórter do Povo” obteve ampla notoriedade em toda a comunidade passo-fundense e reconhecimento em toda a região do Planalto Médio, com pesquisas de opinião pública apontando Júlio como o comunicador mais ouvido do interior do estado.
Ao todo, Júlio trabalhou por 15 anos na rádio Uirapuru, sendo reconhecido como grande comunicador e com grande empatia por parte da população. Depois disso, retornou à rádio Planalto onde atuou por mais 12 anos. Durante o período com o seu programa, desde a Uirapuru, passou a se envolver ativamente na vida pública do município, entretido especialmente com as demandas das camadas mais humildes da população. Como prova disso, foi líder comunitário sendo presidente da Associação de Moradores da Cohab I, além de ter sido um dos apoiadores da criação da União das Associações de Moradores de Passo Fundo (Uampaf).
Com um prestígio ímpar na cidade, reforçado por sua postura de sempre defender os mais carentes e atender aos que lhe pediam ajuda, Júlio Rosa lançou-se candidato a vereador pelo Partido Democrático Social (PDS) nas eleições municipais de 1982. No entanto, conseguiu apenas a suplência. Porém, nas eleições de 1988, pela 10ª Legislatura (1989-1992), concorreu novamente vindo com ainda mais amparo popular, se elegendo vereador em Passo Fundo pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT).
Com seus prestígios popular e político reforçados, Júlio concorreu novamente a uma cadeira no Legislativo nas eleições municipais de 1992, conseguindo reeleição com votação maior do que no pleito anterior, com 1.113 votos, sob a legenda do PDT, na 11ª Legislatura (1993-1996).
Fazendo uso de seu amplo reconhecimento tanto popular quanto no meio político, Júlio concorreu novamente pelo PDT a vereador nas eleições de 1996, obtendo novo êxito para o Legislativo, na 12ª Legislatura (1997-2000), ampliando sua margem com 1.243 votos obtidos.
No ano 2000, Júlio concorreu novamente a uma cadeira na Câmara, desta vez pelo Partido da Frente Liberal (PFL). Porém, não obteve o mesmo êxito e ficou apenas na suplência. O mesmo resultado obtido quatro anos depois, concorrendo desta vez pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Após as duas últimas tentativas, ele não concorreu mais a cargos públicos.
No entanto, Júlio seguiu suas atividades como locutor e comunicador sem perder o respeito e o prestígio de seus ouvintes e da comunidade. Além disso, ele já atuava no Ministério da Assembleia de Deus, onde exercia suas atividades espirituais em hospitais, junto aos presidiários, aos internos no Centro de Atendimento Sócio-Educativo (Case) e nas casas de recuperação.
Júlio Rosa sempre manteve sua postura contestadora nos microfones, marcando seu estilo ao falar a linguagem do povo e ao estar atento às necessidades das pessoas mais humildes. No entanto, ele passou a enfrentar problemas cardíacos nos últimos tempos, segundo relatos de familiares. Segundo matéria do O Nacional, Júlio deu entrada no Hospital São Vicente de Paulo no dia 8 de abril de 2013 por complicações renais.
No dia 10 de abril, dois dias depois, uma quarta-feira, estava programada uma homenagem em que ele receberia o título de Vereador Emérito. Neste dia, ele acabou sofrendo duas paradas cardíacas e não resistiu. Júlio Rosa da Silva tinha 68 anos e foi velado e sepultado no Memorial da Vera Cruz em Passo Fundo. Como homenagem póstuma, a Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Vila Nova, inaugurada em 2015, leva seu nome, além do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua – Centro Pop Júlio Rosa, que é unidade pública voltada para o atendimento especializado à população em situação de rua. Pouco tempo depois, a honraria de Vereador Emérito foi entregue a sua família em sua memória e Júlio Rosa integra a galeria dos Vereadores Eméritos de Passo Fundo.
Arte: Comunicação / CMPF