NOTÍCIA
HISTÓRIA
Cláudia Furlanetto é ativista da inclusão social

A
série “Revivendo Passo Fundo” tratará de mulheres que se destacam em
representar a comunidade, proporcionando o contato entre a população e o Poder
Público e a realização de melhorias para a cidade, através de ações e
proposições. Durante as próximas semanas, a cada semana será abordada uma
mulher que está ou passou pelo Parlamento Municipal, como forma de reforçar o
mês da Mulher.
A personagem desta edição é a ex-vereadora, professora, pesquisadora, especialista em Libras e atuante no tema da inclusão social, Cláudia Helena Paim Furlanetto. Além de atuar na docência e no meio acadêmico por longa data, se especializou na Linguagem Brasileira de Sinais e a partir disso, desenvolveu pesquisas em torno do tema. Ela também tem longo histórico de atuação em movimentos sociais e em ações pela inclusão social, com ênfase a pessoas com deficiência, além de abordar a diversidade e direitos da mulher.
Cláudia Helena Paim Furlanetto é nascida em Passo Fundo, no dia 9 de março de 1974, sendo filha do agricultor e mecânico Carlos Jorge Furlanetto e de Maria Helena Paim Furlanetto. Ela realizou seus estudos em escolas públicas e, desde jovem, atuou como professora. Em suas primeiras incursões profissionais, trabalhou como professora de ginástica e monitora de atividades. Fora do magistério, atuou nos ramos do comércio e do secretariado.
Em 1999, Cláudia passou a ter um envolvimento direto junto a movimentos ligados aos Direitos Humanos e Meio Ambiente, com ênfase na educação especial. Ela foi trabalhar junto à Associação Cristã de Moços (ACM), onde fez seu estágio e, posteriormente, no ano 2000, atuou como Educadora Física no projeto “Borboleta”, voltado à iniciativa de atividades aquáticas para as crianças com deficiência em Porto Alegre. No ano seguinte, já em Passo Fundo, ela foi voluntária na Associação Passofundense de Cegos (Apace), auxiliando em tarefas como orientação e mobilidade. Neste período, ela se formou como Tradutora Intérprete de Libras pelo Ministério da Educação e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Também em 2001, passou a trabalhar como professora intérprete de Libras na Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada). Anos depois, a entidade mudaria seu nome para o que é conhecido atualmente, a Associação de Pais e Amigos dos Surdos (APAS).
Na mesma época em que atuava como professora intérprete, Cláudia ainda participou da fundação da Associação Brasileira da Construção e Defesa da Cidadania (ABRACC), onde foi presidente. Trata-se de uma instituição que presta consultoria voluntária a entidades parceiras e incentiva o fortalecimento dos movimentos sociais organizados. Dentre suas ações, constam algumas consideradas pioneiras, como a reestruturação dos estatutos sociais de entidades, como a Associação Cristã de Deficientes (ACD), a Apace, o Serviço de Orientação e Solidariedade a AIDS (SOSA), além da Apas, entre outras. Nestas ela realizou vários trabalhos voluntários relacionados à garantia de direitos e preservação da vida.
Cláudia também atuou como intérprete de Libras na Universidade de Passo Fundo (UPF), enquanto ainda cursava Educação Física Licenciatura Plena, na qual se formou em 2003. Após a graduação, seguiu na função de tradutora intérprete de Libras, passando a expandir sua área de atuação, realizando pesquisas e elaborando trabalhos de cunho acadêmico no ramo, se aprofundando na educação inclusiva.
Enquanto atuava na tradução de Libras, Cláudia obteve as seguintes formações: Especialista em Educação Especial pela FACINTER e Proficiente em Tradução e Interpretação em Libras pelo MEC/UFSC, em 2006, Especialista em Direitos Humanos pelo IFIBE, no ano de 2007, e, tempos depois, Mestra em Engenharia de Infraestrutura e Meio Ambiente na área de Acessibilidade, pela UPF em 2013.
No ano de 2008, Cláudia deu um passo importante em sua vida pública quando participou na construção de cartas de compromisso que resultaram na criação do Núcleo de Políticas Públicas e Sociais de Acessibilidade (Nuppa) junto à Prefeitura Municipal. Este núcleo se concentrou na articulação política entre o Poder Público, seja na efetivação de convênios para garantir o andamento dos trabalhos desenvolvidos nos seus espaços, seja nas reivindicações por melhorias dos espaços e qualificação nos trabalhos desenvolvidos em prol de seu público. Cláudia foi convidada para atuar na Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social (SEMCAS) à frente do Nuppa no ano seguinte. Ainda em 2008, já com amplo engajamento em causas sociais, além do seu trabalho na educação inclusiva, ela concorreu a vereadora pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B) e obteve 914 votos, ficando como suplente.
Como coordenadora do Nuppa, Cláudia colaborou na implementação de projetos em parceria com diversas secretarias. Por exemplo, a implantação de sinaleiras sonoras, faixas de segurança elevadas, rebaixamentos e adaptações de meio-fio dos passeios públicos, sinalização e ampliação de estacionamento para pessoas com deficiência, também a criação e regulamentação das profissões de tradutor/intérprete de Libras e professor municipal de libras, a qualificação da equipe técnica municipal para trabalhar com questões referentes à inclusão e sensibilização diante às diferenças, através de encontros, vivências, oficinas de Libras e palestras sobre o tema LGBT, dentre outros. Algumas destas ações tiveram avanço significativo no município, outras seguem sendo acionadas para um maior avanço.
Com o trabalho pelo Nuppa e um amplo envolvimento social e inclusivo, Cláudia voltou a se candidatar ao Parlamento Municipal em 2012 pelo Partido dos Trabalhadores (PT), obtendo êxito e se elegendo com 921 votos. Na 16ª Legislatura (2013-2016), se empenhou em projetos voltados a áreas como Direitos Humanos, Pessoas com Deficiência e Meio Ambiente. Durante seu mandato, ela propôs e presidiu a Comissão Especial de Recursos Hídricos. Também foi presidente da Comissão Especial em respeito a Diversidade Religiosa, da Comissão Especial de Direitos Humanos além da Comissão Permanente de Educação e Bem-Estar Social. Além disso, ela ainda foi primeira secretária da Mesa Diretora. Ainda durante este período, ela saiu da UPF e passou a lecionar na Faculdade Meridional (IMED), lecionando as disciplinas de Libras com ênfase em Direitos Humanos e, Psicologia da Pessoa com Deficiência.
Nas eleições municipais de 2016, Cláudia concorreu novamente a uma cadeira no Legislativo, novamente pelo PC do B, obtendo 817 votos e ficando como suplente. Mesmo com a suplência, exerceu a função de Coordenadora das Coordenadorias de Direito e Cidadania da Prefeitura de Passo Fundo entre 2017 e 2019. Neste mesmo período, passou a coordenar o Arranjo do Desenvolvimento da Educação (ADE) Norte Gaúcho. Ela ainda integrou a Comunidade Prática de Investigação Deaf Studies (DeafCoPIn), que pertence ao Centro de Investigação e de Intervenção Educativas da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (CIIE-FPCEUP).
Atualmente, ela faz seu doutorado na área de Educação pela Universidade do Porto (Portugal), com foco no Ensino da Língua de Sinais como segunda língua nos primeiros anos do Ensino Fundamental para além da Educação dos Surdos. Cláudia Helena Paim Furlanetto tem como foco na docência e em suas pesquisas, além da atuação pública, as áreas: Pessoas com Deficiência; Acessibilidade; Educação; Libras; Surdez; Direitos Humanos; Movimentos Sociais, Cidadania, Gênero e Política. Ela tem um filho chamado João Vitor Furlanetto, os irmãos Carla e André Luis, reside em Passo Fundo e, atualmente, também é diretora da Escola Especial da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).
Arte: Comunicação Digital / CMPF