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Câmara de Vereadores de Passo Fundo/RS

NOTÍCIA

HISTÓRIA

Dom Luiz Felipe de Nadal foi figura relevante para o tradicionalismo na região

A série “Revivendo Passo Fundo” consiste em resgatar trajetórias de pessoas que deram sua contribuição para a formação e crescimento do município. Em sua centésima edição, o personagem retratado é o sacerdote, bispo, radialista, poeta e tradicionalista Luiz Felipe de Nadal. Dom Felipe, como era conhecido, se notabilizou por sua forte veia poética, autor de orações com cunho gauchesco, foi um desbravador no rádio amador e na radiodifusão regional e um nome muito importante para difusão e consolidação do tradicionalismo em nível regional.

Luiz Felipe de Nadal nasceu no dia 1º de maio de 1916 em Guaporé (RS), em uma localidade chamada Linha 4ª Série, na época distrito de Muçum (RS), filho de Francisco de Nadal e Tereza Dendena de Nadal, como o primogênito dos 13 irmãos. Após ser criado em sua terra natal e ter feito por lá sua alfabetização, ele logo entrou no extinto Seminário Central Nossa Senhora da Imaculada Conceição, na cidade de São Leopoldo (RS), em 1927, aos onze anos de idade, onde fez seus estudos de humanidade, filosofia e teologia.

Nessa instituição, Felipe cursou o ginásio desde seu ingresso até 1932, posteriormente cursou Filosofia de 1933 a 1935, e Teologia de 1936 a 1939. Após esse período, ele foi ordenado sacerdote no dia 22 de outubro de 1939, pelo então Arcebispo de Porto Alegre Dom João Becker. Ele fora nomeado bispo dezesseis anos depois, mais precisamente em 9 de maio de 1955. Em sua ordenação episcopal, realizada em 29 de junho de 1955, foi escolhido o lema "Oboediens In Laetitia". Ele teve como bispos co-sagrantes, Dom Cláudio Colling, então Bispo de Passo Fundo (já apresentado neste espaço) e Dom Antônio Zattera, Bispo de Pelotas. Ainda foram paraninfos o Sr. Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha, Secretário de Estado de Educação e Cultura e o Sr. Luiz Polônia, cunhado do sagrando. No dia 15 de agosto deste mesmo ano, ele foi empossado na Diocese de Uruguaiana (RS), na qual foi o terceiro bispo, com sua solenidade de posse canônica realizada pelo próprio Dom João Becker.

Nestes 16 anos como padre, Felipe se destacou não apenas em seu sacerdócio, mas também em outros setores. Um deles foi o rádio, considerada sua grande paixão. Nisso, ele ainda ficou conhecido como um radioamador de grande atividade. Em seu tempo de sacerdote, ele criou e dirigiu vários programas na Rádio Difusora, como "Tio Valeriano", programa infantil, "Noturno da Fé", "Hora do Angelus" e "A Hora Católica" que informava tudo sobre a Igreja. Após ser ordenado bispo e mudar-se para Uruguaiana para assumir a Diocese local, fundou a Rádio São Miguel. Um dos seus feitos a frente desta foi a transmissão diretamente do Vaticano das cerimônias de coroação do Papa João XXIII, o que foi fato inédito para a época.

Dom Felipe também se notabilizou por sua atenção à comunidade. Por exemplo, como um entusiasta e incentivador dos meios de comunicação social, foi fundador da Sociedade Magistério no Ar (Somar), tido como um programa pioneiro de alfabetização de adultos. Também em Uruguaiana, ele fundou a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, concluiu o Seminário Diocesano Sagrado Coração de Jesus e teve um olhar atento para a população através das famílias e sempre preocupado com a integração da evangelização com a cultura do povo. A seu pedido, o Papa Pio XII declarou Nossa Senhora Conquistadora padroeira da Diocese de Uruguaiana, ao lado de São Miguel Arcanjo.

Dom Felipe ainda se destacou como poeta tradicionalista, sendo autor de várias poesias e orações com termos gauchescos. Ele foi membro do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) e da Estância da Poesia Crioula, que é a Academia de Letras dos vates e prosadores nativistas gaúchos.

Com sua vocação e talento, ele foi autor de orações consideradas marcantes. Uma delas, foi a Oração a São Gabriel, Padroeiro das Telecomunicações. Nesta ele mistura expressões ecumênicas com códigos usados em contatos de radioamador, como QSO, DX, QRT e QRV. Ele também é autor da Prece do Gaúcho, que faz uso de vocabulário recorrente em orações com expressões gauchescas, bem como da Missa Crioula.

Em 1º de julho de 1963, Dom Felipe vinha a Passo Fundo visitar irmãos Maristas em voo vindo de Porto Alegre com escala feita em Carazinho (RS) e que tinha destino final em Erechim (RS). Na vinda de Carazinho para Passo Fundo, a equipe de pilotagem do DC-3 da Varig, voo nº 280, prefixo PP-VBV, sofreu dificuldades devido a um forte nevoeiro e a aeronave caiu nas proximidades do 1º Distrito de São João da Bela Vista, a 7,5 km de Passo Fundo, por volta das 18:10 horas. Ele foi uma das onze vítimas fatais deste acidente aéreo. Seu corpo foi velado até cerca da meia-noite na Catedral Diocesana de Passo Fundo. Logo a seguir, foi transportado via terrestre, para Uruguaiana, onde chegou pelas 18 horas de 2 de julho, sendo velado em sua própria catedral. Já no dia 3 de julho, foram feitas as solenidades fúnebres com a missa exequial rezada pelo Arcebispo Metropolitano e o sepultamento feito na cripta da catedral de Uruguaiana.

Dom Luiz Felipe de Nadal é lembrado como um sacerdote, bispo, amante do radioamador, entusiasta dos meios de comunicação social, além de poeta tradicionalista. Dentre as diversas homenagens póstumas recebidas em várias cidades, em Passo Fundo foi fundado um Centro de Tradições Gaúchas (CTG) batizado com seu nome no dia 7 de fevereiro de 1971. Ele é considerado uma das principais entidades tradicionalistas de Passo Fundo e região.

Arte: Comunicação Digital / CMPF