Saltar o Menu
Logo Camara
Selo 2015

Câmara de Vereadores de Passo Fundo/RS

NOTÍCIA

HISTÓRIA

General Netto foi figura importante na Revolução Farroupilha

A série “Revivendo Passo Fundo” aborda históricos relevantes de pessoas que marcaram ou tiveram relação direta com o município e vieram a denominar logradouros em Passo Fundo. O personagem desta edição é o militar e político Antônio de Souza Netto, conhecido e lembrado como General Netto. Ele foi líder de batalhões sendo protagonista em conflitos como a Revolução Farroupilha e a Guerra do Paraguai, tanto na mobilização de tropas como em movimentações políticas, atuando em frentes de batalha até o final de sua vida. Como reconhecimento, uma via na região central da cidade leva seu nome.

Antônio de Souza Netto nasceu no dia 11 de fevereiro de 1803 em Capão Seco, no distrito de Povo Novo, onde atualmente integra a cidade de Rio Grande (RS). Ele é filho de José de Sousa Netto e de Teutônia Bueno. Segundo registros, ele era descendente de integrantes de forças militares, nas quais ele faria parte por grande parte de sua vida. Como exemplo, o seu bisavô, Francisco de Souza Soares, fora oficial de Auxiliares no Terço Auxiliar de Colônia e que casara, em 1791, com Ana Marques de Souza, na capela da Fortaleza São João, ao lado da qual foi fundada a cidade do Rio de Janeiro, por Estácio de Sá. Antônio fez seus estudos na chamada Freguesia de São Francisco de Paula, atual cidade de Pelotas (RS), junto de seus irmãos Rafael e Domingos Netto. Ele residia com sua família na margem do Canal São Gonçalo, junto ao histórico Passo dos Negros, então chamado Passo Rico, local conhecido por sua imensa riqueza natural.

Após concluir seus estudos, Antônio mudou-se para Bagé (RS), onde se estabeleceu como estancieiro e se dedicou à compra e venda de gado, além de seu hobby, que veio a ser a criação de cavalos para corridas. Com seus negócios envolvendo gado e o desporto com cavalos, como carreirista, ele percorreu o estado do Rio Grande do Sul e o Uruguai, que era incorporado ao Brasil com o nome de Província Cisplatina entre 1821 e 1828. Ele estabeleceu largo círculo de amizades, conquistando respeito e admiração por parte de setores importantes da sociedade, inclusive sendo reconhecido por admirar bailes e festas.

Sua primeira experiência em combates veio na Guerra Cisplatina, ocorrida entre 1825 e 1828, em que foi nomeado Capitão de Milícias, encarregado da vigilância e defesa da fronteira em Bagé. Durante esse período, ele solidificou amizade com Bento Gonçalves, com quem faria parceria nos anos seguintes em outro conflito com maior duração. Antônio teve atuação relevante em confrontos travados em 1827 e exerceu o cargo até o final da guerra em 1828, com o desmembramento do Uruguai do território brasileiro. Já em 1831, foi criada a Guarda Nacional, subordinada ao Ministério da Justiça, sendo Antônio nomeado comandante da legião desta entidade em Bagé.

Devido a diversas insatisfações por parte de estancieiros, liberais, industriais do charque e militares locais, devido a questões comerciais, políticas e até diplomáticas, houve a eclosão da Revolução Farroupilha, iniciada em 1835, no dia 20 de setembro, com a tomada de Porto Alegre e a destituição do então presidente provincial Antônio Rodrigues Fernandes Braga. Em 11 de setembro de 1836, Antônio, então comandante do Corpo da Guarda Nacional do Piratini, proclamou a República Rio-Grandense após vitória dos Farrapos contra o Império na “batalha do Seival” ocorrida no dia anterior. Ele foi um dos organizadores do Corpo de Cavalaria Farroupilha, sendo o general da primeira brigada do exército liberal republicano. Em abril de 1837, comandou a conquista de Caçapava (RS), ocasião na qual contou com a adesão dos novecentos homens da guarnição imperial, que se justificou muito importante para as próximas batalhas. Ele acabou tomando a frente de batalha, uma vez que Bento Gonçalves, então presidente da República Rio-Grandense havia sido preso ainda em 1836.

Antônio, já chamado entre os entes como Netto, tinha imenso respeito e admiração de seus pares por sua garra e afinco nas batalhas, além de seu sendo de liderança. Em 1838, obteve novo êxito ao comandar vitória em batalha realizada na cidade de Rio Pardo (RS) ao lado de lideranças como Davi Canabarro, João Antônio da Silveira e Bento Manuel, figuras destacadas na Revolução Farroupilha. No entanto, sofreu forte revés após ser atacado de surpresa por batalhão comandado pelo Barão de Jacuí, chamado Fernando Pedro de Abreu, quando estavam acampados perto do Arroio Velhaco, próximo a Arambaré (RS), em 18 de junho de 1840.

Durante a Revolução farroupilha, neto liderou tropas que passaram por Passo Fundo durante dado momento, pois ele ver a localidade como melhor elo de ligação entre a região das Missões e os campos da Vacaria. Essa foi mais uma demonstração de sua liderança. Tanto que, ao ser instaurada a Assembleia Cosntituinte, em meados de 1842, Netto é um dos deputados integrantes. Mesmo com os revéses no conflito, ele manteve sua liderança e protagonismo até o final do conflito em 1845, sem ser preso e tendo como marcas sua galhardia e seu destemor.

Passada a guerra, ele foi morar no Uruguai onde voltou a se dedicar à criação de gado. Porém, tempos depois ele voltaria a se envolver em armas quando participou da “Guerra contra Oribe e Rosas”, em 1851, conflito armado envolvendo Argentina, Uruguai e Brasil, quando incluiu sua cavalaria na brigada de Voluntários Rio-Grandenses. A contribuição lhe rendeu promoção a Brigadeiro Honorário, além da transformação de sua brigada em Brigada de Cavalaria Ligeira.

Em 1864, ele atuou de forma mais intensa na “Guerra contra Aguirre”, conflito armado que durou até início de 1865 e travado entre o partido Colorado uruguaio e uma aliança envolvendo o império brasileiro e o partido Blanco do Uruguai. Terminado esse embate, ele se envolveu também na Guerra do Paraguai, considerada a maior disputa armada da história do continente, em que Brasil, Argentina e Uruguai formaram aliança contra o Paraguai, chefiado por Solano Lopez. Ele comandou a sua brigada ligeira em todos os embates carregando a bandeira brasileira imperial e o pavilhão tricolor da República Rio-Grandense. Na “Batalha do Passo da Pátria”, ocorrida em 16 de abril de 1866, ele fez a vanguarda de General Osório na invasão do Paraguai. Pouco depois, em 24 de maio do mesmo ano, ocorreu a “Batalha do Tuiuti”, considerada a mais marcante e sangrenta do conflito, que envolveu 55 mil homens e travada em região pantanosa paraguaia. Netto foi figura importante na defesa do flanco da tropa brasileiro. Mesmo assim, ele acabou ferido a bala em meio ao embate e acabou encaminhado a um hospital militar na cidade de Corrientes, na Argentina.

Antônio de Souza Netto, conhecido como General Netto, padeceu por 40 dias devido aos ferimentos e faleceu após forte febre em 2 de julho de 1866, em Corrientes, aos 65 anos. Ele fora sepultado nessa cidade, considerado um herói de guerra. Ele era casado com Maria Medina Escayola, que havia conhecido no Uruguai, filha de estancieiro. Tiveram as filhas Teotônia e Maria Antônia. Em 1966, ao serem completados cem anos de sua morte, seus restos mortais foram transportados para Bagé e guardados em um mausoléu. Em Passo Fundo, uma importante rua na região central que liga três bairros leva seu nome como reconhecimento.

Arte: Comunicação Digital / CMPF