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Câmara de Vereadores de Passo Fundo/RS

NOTÍCIA

HISTÓRIA

Joaquim Nabuco foi grande figura pública nacional

A série “Revivendo Passo Fundo” recupera histórias de pessoas que realizaram grandes feitos e deixaram seu legado, sendo reconhecidas através da denominação de ruas e logradouros no município. O personagem desta edição é o orador, ex-deputado, dramaturgo, jornalista, diplomata e poeta, Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo. Joaquim Nabuco foi um personagem importante ainda no período imperial por suas posições abolicionistas, também é lembrado como grande historiador. Foi deputado na era pré-republicana, atuou como diplomata, além de ser um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Em Passo Fundo, uma rua no bairro Jerônimo Coelho leva seu nome como reconhecimento à sua história.

Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasceu no dia 18 de agosto de 1849 em Cabo de Santo Agostinho, Recife (PE), sendo o quarto filho de José Tomás Nabuco de Araújo Filho, jurista e político baiano, e de Ana Benigna de Sá Barreto Nabuco de Araújo, parente próxima de Francisco Pais Barreto (Marquês do Recife). Sua família descendia de aristocratas e cristãos-novos (denominação dada em Portugal para judeus convertidos ao cristianismo), de modo que ele passou sua infância e realizou seus estudos iniciais no Engenho Massangana. Ali, teve os primeiros contatos com o ambiente escravocrata, que viria a lhe inspirar no futuro quanto ao abolicionismo. Ele passou grande parte desse período com seus padrinhos como tutores, uma vez que seu pai havia assumido o cargo de deputado e migrado para o Rio de Janeiro, então capital do Brasil imperial.

O convívio com os escravos e os padrinhos lhe influenciou muito quanto à religião e sobre o ambiente do engenho no qual morou até 1857, quando do falecimento de sua madrinha Ana Rosa Falcão de Carvalho. Então, Joaquim mudou-se para o Rio de Janeiro junto de seus pais e se matriculou no Colégio de Friburgo, inicialmente, transferindo-se pouco depois para o Colégio Dom Pedro II, onde deu início a sua formação política e literária e estudou entre 1860 e 1865. Nesse período, ele publicou um de seus primeiros poemas chamado a ode “O Gigante da Polônia”, dedicada a seu pai, que recebeu um comentário de Machado de Assis, que reconheceu o valor do poeta. Ao fim desse ciclo, ele se formou em Letras.

Em 1866, Joaquim se mudou para São Paulo e ingressou na Faculdade de Direito. A essa altura, já se correspondia com o escritor Machado de Assis, além de consolidar amizade no ambiente de faculdade com Castro Alves (já retratado neste espaço), Ruy Barbosa, entre outros futuros notórios, dos quais Rodrigues Alves e Afonso Pena, futuros presidentes do Brasil República. Este centro universitário era considerado um dos principais centros liberais e abolicionistas do Brasil Imperial. Ele manteve intensa atividade nos grêmios político-literários, bem como nos jornais que faziam parte da vida acadêmica. Além de poemas, passou a publicar textos com cunho liberal progressista, ideologia que adotara. Com 18 anos, ele inaugurou o veículo “A Tribuna Liberal”, e nessa mesma época, foi eleito presidente da associação estudantil Ateneu Paulistano.

Já em 1869, Joaquim transferiu-se para Recife, indo estudar na Faculdade de Direito da capital pernambucana, onde veio a se formar no ano seguinte. No período em que estava por colar grau, há um relato no qual consta sobre ele ter defendido um escravo no júri que acabou condenado à prisão perpétua, mas acabara livrado da pena de morte. Ele voltou a residir no Rio de Janeiro em 1871, onde passou a atuar no jornalismo, escrevendo para periódicos como “A Reforma” e “A Época”, trabalhando no escritório de seu pai e sendo figura ativa por meio de seus escritos de viés abolicionista, além de defender a monarquia e combater a pena de morte. Devido a seus posicionamentos, ele encontrou grande resistência no meio político, mas passava a ser muito respeitado no âmbito intelectual, obtendo respeito por parte de escritores e outras lideranças.

Poucos anos depois, Joaquim viajou para a Europa, onde ampliou seu círculo de amizades com intelectuais e políticos europeus. Sem perspectivas na carreira política, ele conseguiu ingressar no meio diplomático em 1876 como adido em Washington (EUA) e depois foi transferido para Londres (Inglaterra). Seu pai falecera em 1878, o que culminou em sua volta ao Brasil e reforçou sua posição contra a escravidão tanto em atividades políticas quanto através de seus textos, obtendo engajamento cada vez maior junto à sociedade. A essa altura, atuava na advocacia e não mais como diplomata. Neste mesmo ano, a ala liberal assumiu o comando no Parlamento. Esse cenário viabilizou sua incursão na política, tanto tentada. Ele se candidatou e se elegeu a Deputado Geral da Província.

Enquanto deputado, Joaquim defendeu pautas como a eleição direta, a presença de não católicos ao Parlamento e a imediata abolição da escravatura. Na Câmara dos Deputados, ele liderou a bancada abolicionista e, em 1880, fundou tanto o jornal “O Abolicionista” quanto a Sociedade Antiescravidão Brasileira, que teria papel importante na consolidação da abolição da escravidão, anos depois em 1888. Seu mandato foi até 1882 e não obteve êxito na tentativa de reeleição. Porém, ele seguiu sua campanha pró-abolicionismo se auto exilando em Londres, onde escreveu o livro “O Abolicionismo”, que seria lançado em 1884, quando voltou ao Brasil. Sua estada na Europa lhe rendeu vários reconhecimentos por sua luta abolicionista em Lisboa, Paris e Madri, além da capital britânica. Neste mesmo ano em que ele voltou, o Gabinete liberal Sousa Dantas, apoiado por Nabuco, propõe uma série de medidas que visavam à extinção gradual da escravidão, resultando na promulgação da Lei dos Sexagenários em 1885. Nesse mesmo ano, fora eleito deputado por Pernambuco e se empenhou na campanha pela adoção de uma monarquia federativa, sob regência da Princesa Isabel. Já em 1888, após mudanças no círculo do poder, por intermédio de João Alfredo, Joaquim encaminhou medidas de urgência, até que a princesa promulgou a Lei Áurea a 13 de maio do corrente ano e a abolição da escravatura enfim se consolidava.

Em 1889 foi proclamada a República no Brasil, o que causou enorme impacto político geral, incluindo o próprio Joaquim. Após isso, ele se retirou deste meio, vivendo em sua residência no Rio de Janeiro, exercendo a advocacia e praticando jornalismo. Era frequentador assíduo na redação da “Revista Brasileira”, onde estreitou relações e amizade com grandes personalidades da vida literária brasileira, como Machado de Assis, José Veríssimo, Lúcio de Mendonça. Através desse convívio nasceria a Academia Brasileira de Letras, em 20 de julho de 1897, sendo um dos incentivadores e fundadores. Ele foi fundador da cadeira nº 27, que tem como patrono Maciel Monteiro, além de ter sido secretário-geral da instituição, exercido cargo até 1899 e, após, de 1908 a 1910.

Após a virada para o Século XX, Joaquim foi líder de comitiva na Inglaterra representando o Brasil e, posteriormente embaixador do Brasil nos Estados Unidos, onde realizou várias conferências sobre a cultura brasileira em universidades, além de cultivar grande amizade com o então presidente daquele país, Theodore Roosevelt. Ele voltou ao Rio de Janeiro em 1906 para presidir a III Conferência Pan-Americana, sendo um defensor do pan-americanismo, no sentido de uma ampla e efetiva aproximação continental. E após isso, foi a Recife onde recebeu grande reconhecimento pela abolição da escravatura. Em 1908, ele recebeu o grau de doutor honoris causa em Letras pela Universidade Yale.

Joaquim Nabuco ofereceu grande contribuição no campo social, liderando a campanha pelo fim da escravidão, além de ser protagonista no meio literário, deixando sua marca em publicações como “Camões e os Lusíadas” (1872), O Abolicionismo (já citado), a poesia “Escravos” (1886), “Balmaceda” (1895), “Minha Formação” (1900), entre outras obras. Ele faleceu devido a uma doença congênita hematológica chamada “Policitemia Vera”, em 17 de janeiro de 1910, aos 60 anos de idade, em Washington, capital norte-americana. Ele foi velado e sepultado no Cemitério de Santo Amaro em Recife (PE). Seu nome foi inscrito no Livro dos Heróis da Pátria em 2014. Em Passo Fundo, uma rua no bairro Jerônimo Coelho leva seu nome em reconhecimento a seu legado.

Arte: Comunicação Digital / CMPF